24 março 2008

Elegante

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam.
E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer... porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
É elegante o silêncio, diante de uma rejeição...Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
É elegante a gentileza.Atitudes gentis falam mais que mil imagens... Abrir a porta para alguém é muito elegante... Dar o lugar para alguém sentar é muito elegante... Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma... Oferecer ajuda é muito elegante... Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante...Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentarimitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la!!!

Ismália

Quando Ismalia enlouqueceu , Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu , Queria descer ao mar...
E no desvario seu , Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu, Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu As asas para voar...
Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...
( Alphonsus de Guimaraens)

Voar !!!


Sei de um pássaro escondido
Com asas,
Sem poder voar…
Sei de um pássaro banido
Com olhos
Sem poder olhar…
Sem brilho,
Por não deixarem brilhar;
Sei de um pássaro perdido,
No tempo,
Nas águas do mar.
Longe de tudo
Perto, perto demais,
Atado a uma gaiola
Ou solto
Em outro ar.
Sei de um pássaro marcado
Manchado de cortes, ferido demais…
Sei de um pássaro morto,
Inda vivo, vivo demais ! (Carlos A. Miranda)