29 abril 2011

Narinas em chamas.

 trilhas

L'Eau d'Issey Feminino Eau de Toilette

Issey Miyake


Dia desses vi na TV um apresentador perguntar para uma celebridade: Qual a música da sua vida? Passei o dia todo tentando imaginar qual seria a música da minha vida. Divaguei sobre várias opções e descobri que não há apenas uma música, minha vida foi marcada por trilhas sonoras, várias, cada época, cada lugar, cada momento, cada amor teve sua música. Seria desonesta comigo tentar dar a uma música todos os créditos da minha existência. Mais relevantes que a música, minha vida foi marcada pelos aromas, qualquer perfume com toque de almíscar e patchuli me remete a minha adolescência. Algumas quadras de onde moro hoje há um arbusto que exala um aroma peculiar, conforme a direção do vento minha alma é transportada para casa dos meus avós em Campinas onde eu passava as minhas férias de verão...saudades imensas...
Já a minha infância foi determinada pelos aromas do campo, meu pai era agricultor e passei toda a minha infância e inicio da adolescência em contato com a natureza. O campo é o lugar onde os aromas são intensificados pela qualidade do ar, o cheiro fresco da água da mina, o pomar coberto de frutas coloridas, o cheiro do café espalhado no terreirão, o cheiro do cigarro de palha dos empregados, do feijão cozinhando no fogão a lenha, dos cavalos e do gado se alimentando no pasto, do café passado no coador, do pão saindo do forno, do bolo de fubá, da terra molhada pela chuva, das flores, das árvores, das plantações. Todos esses aromas poderiam ser condensados em apenas um: O cheiro da FELICIDADE!
Já na idade adulta e morando na cidade, mas sem nunca esquecer os cheiros do campo, passei a identificar lugares, momentos e pessoas pelos aromas de perfumes que confundiam e muito meu olfato.Tinha acabado de entrar na era da sedução das grandes marcas. Trabalhava em um grande banco e tinha um fiel amigo que veio a falecer anos depois em um acidente, em quatro anos que trabalhamos lado a lado, todos os dias ele se perfumava com Styletto - Boticário, até hoje quando sinto esse aroma associo a fragrância a pessoa jovem, divertida e destrambelhada que era meu querido e saudoso amigo. As fragrâncias Eternity, Anais Anais, Chanel nº5, Azzaro, Poison, Burberry, Lanôme, Kenzo participaram efetivamente da minha vida, sem  esquecer dos aromas talvez mais marcantes da vida de uma mulher  e mãe que são os de bebes deliciosos!!! Desde cedo minha filha também louca por perfumes dizia: Mãe vou passar seu "chefrume" nunca mais uma mãe esquece aquele cheirinho de bebe. Do Boticário, em especial a Florata in Blue que me lembra uma fase triste que foi a morte da minha querida avó Cacilda. Hoje já na meia idade ainda carrego comigo alguns frascos das fragrâncias antigas como por exemplo o Eternity que ganhei do marido faz pouco tempo...DELICIOSO!!! E o mais novo sonho de consumo é o L'Eau d'Issey, sinto que esse aroma vai marcar essa minha nova fase da vida. Se alguém me perguntasse qual o aroma da sua vida, embora todos tiveram participações especiais, certamente eu responderia os de  BEBES!

28 abril 2011

Pedacinhos.


Eu sinto que chegou a hora de uma decisão

Preciso sair do sufoco de te esperar

Quem vem cobrando esse momento é meu coração

Não dá mais pra passar as noites sem te abraçar

Preciso acordar de manhã e te ver ao meu lado

Sentar-me a mesa com você, tomar café te olhando

Não da mais pra te ver partir, é hora de se decidir

Eu te preciso toda hora, e não vez em quando...

Eu sei que quando está livre, você vem correndo se entregar a mim

Porém quase não se demora, quase não tem tempo e precisa ir

Amor eu não sou egoísta, mas te quero aqui no mesmo travesseiro

Já chega dos seus pedacinhos eu te quero inteiro.

 Irmãs Galvão

19 abril 2011

Reunião das Centopéias.


Quando penso em moda só me vem uma pergunta, por que tantas mulheres de diferentes classes sociais, culturas, raça, credo, estilos, baixas, gordas, altas, magras querem se tornar iguais??? Principalmente as mais jovens. Vamos aos exemplos: Meses atrás foi a febre do esmalte "rosa cliclete" onde quer que vc encontrasse uma unha, tava ele lá, reluzente! Nude, mesmo em quem não fica bem com essa cor, lá estava ela, nas roupas, batons e nos sapatos. Ahhhhh!!! Chic demais! E daí !!! Mulher não quer se diferente, mulher quer ser igual. Quer seguir a moda que todas usam, quer ter o mesmo corpo da modelo o cabelo tb a pele. Dia desses vi a foto de uma celebridade andando na rua do Rio de Janeiro usando uma encharpe enrolada no pescoço da mesma forma que Gisele Bundchen estava usando nas ruas de NY. Detalhe no Rio a temperatura era de acima de 30° em NY abaixo. E quem liga pra temperatura!!! O importante é estar linda, maravilhosa e igual, ou pelo menos parecida. E os SAPATOS!!! Gente esse é o nosso Tendão de Aquiles! Diferente do corpo, os sapatos tem pra qualquer pé. Dificilmente vc vai encontrar um jeans de marca famosa número 46, 48, mas o sapato vc encontra no seu número sem passar vergonha de ter uma vendedora dizendo: Desculpe, mas nós não trabalhamos com numeração acima de 38. 38??? Sim, e nosso 38 é enoooormeeeee!!! Penso comigo, 38 não serve nem no meu cabide (será que até meu cabide é gordinho???). Ahhhhh! Deixa pra lá. Vou comprar sapato, 38 é perfeito!!!
Saindo de casa dou de cara com o marido:
Oi amor! vc chegando e eu saindo.
Onde vai? Pergunta Ele.
Reunião!
Reunião??? Já com cara de quem tinha entendido tudo.
É vou encontrar com minhas amigas.
Eu sabia. REUNIÃO DAS CENTOPÉIAS!!!
Vc vai comprar mais sapatos? Vc tem um armário cheio
Amorrrrrr! Não tenho nenhum PEEP TOE MEIA PATA NUDE.
O que???
Nada na volta eu te apresento.
Tchau! Beijinhos!
Homens não entende essa necessidade primitiva das mulheres em comprar sapatos. Tudo culpa da CINDERELA que perdeu o sapatinho de cristal. E nós ainda continuamos a procurá-lo.

Cada vez mais bonitos, mais chiques e mais ornamentados, os sapatos viram objeto de culto. E a maioria das mulheres se prostra.
 
Eles são irresistíveis. Têm curvas sensuais, formatos surpreendentes, cores provocantes, materiais inusitados. Melhor ainda: num mundo em que manequim acima de 40 parece uma anomalia, caem bem até em quem está acima do peso. Para muitas mulheres, comprar um par de sapatos é prazer capaz de aliviar demissão, dor-de-cotovelo, traição, coração partido e até algum desastre na cadeira do cabeleireiro. As egípcias, 3 000 anos antes de Cristo, já ornamentavam os pés com jóias. No Império Romano, as sandálias das imperatrizes exibiam (como hoje, aliás) tiras incrustadas com pedras preciosas. Um sapatinho de cristal (tremendamente incômodo, com certeza, mas quem é que vai se importar com isso numa hora dessas?) uniu Cinderela a seu príncipe encantado e desde então muitas mulheres viveram infelizes para sempre por não ter um igual. "Um belo par de sapatos faz a mulher se sentir tão poderosa que pode mudar totalmente a maneira como ela se porta", garante Tamara Mellon, presidente da empresa que fabrica os cobiçadíssimos Jimmy Choo.

Tesouro muitas vezes enterrado no closet feminino, disponível apenas aos olhos (maravilhados) da dona, sapatos abrem na alma – e no talão de cheques – das mulheres uma comporta difícil de ser controlada. Que o confirmem a voraz ex-primeira-dama filipina Imelda Marcos (3 000 pares), sua colega de consumo Lily Marinho (confissão presente no livro Roberto & Lily), a mitológica Evita Perón (900 pares) e, distante em número mas não menos impressionante, a empresária Lucília Diniz (300 pares, sendo que o preferido, uma sandália Louis Vuitton, ela quase não usa "para não gastar"), a atriz Cláudia Raia (300 pares), Hebe Camargo (200 pares) e muitas, muitas outras. Por que tanto encanto? Enquanto uma bonita bolsa, de grife importante, satisfaz o senso de estilo e alimenta a auto-imagem social, os sapatos fazem tudo isso e ainda agem numa área muito mais sensível: a do erotismo. Belos sapatos aumentam o potencial de sedução, e não é preciso ser nenhum podólatra para entender por que o fetichismo em torno dos pés tem um capítulo especial na história do comportamento erótico. Em termos bem objetivos, o sapateiro chique Fernando Pires, conhecido pelos modelos escancaradamente fetichistas, resume: "Eu procuro fazer produtos que seduzam as mulheres. Elas, por sua vez, vão seduzir seus namorados e maridos e causar inveja nas amigas". Quanto mais alto o salto, maior a obsessão. Ao forçar para cima o arco do pé, um par de saltos altos obriga a mulher a empinar seios e nádegas e adotar um andar ondulante, entendido pelos que gostam de dominar como uma oferta e pelos que gostam de ser dominados como uma ordem. Aí reside, justamente, o fascínio do salto agulha, diz a inglesa Caroline Cox, autora de Stiletto: ele torna a mulher, ao mesmo tempo, "submissa e agressiva, fetiche e fetichista, predadora e presa".

Prazer escondido por saias volumosas que se arrastavam no chão, só no começo do século XX os sapatos femininos avançaram à cena aberta. Nas maisons de alta-costura, em Paris, e nos ateliês italianos, calçados se casaram com luxo pelas mãos de artesãos refinados como André Perugia, Salvatore Ferragamo e Roger Vivier, até hoje sinônimos de excelência em calçados. A Vivier, falecido em 1998, credita-se a invenção do salto agulha. "Roger deixou um legado de estilo único, muito elegante. O que eu faço é interpretar esse estilo para o mundo moderno", diz seu substituto, o francês Bruno Frisoni. A marca Perugia deixou de existir, mas a Ferragamo, fundada em 1927, permanece em plena atividade, tocada pelos herdeiros.

Seguindo a trilha dos três desbravadores, diversos sapateiros de luxo se destacaram na história recente dos calçados. Atualmente, imperam o canadense Patrick Cox, o sino-malásio Jimmy Choo, o cidadão do mundo Manolo Blahnik (nasceu nas Ilhas Canárias, foi educado na Suíça e mora em Londres), o italiano Sergio Rossi e o francês Christian Louboutin. Estes, os independentes, visto que todas as grandes grifes de luxo – Gucci (a sandália de pele e cristais da foto da esquerda), Chanel, Yves Saint Laurent, Prada, Valentino – lançam a cada temporada sua própria, exclusiva e cara coleção de calçados. Um Jimmy Choo imprime na etiqueta até 1 700 dólares (4 200 reais) quando o sapatinho tem detalhes preciosos. "Nossos calçados são feitos a mão, por artesãos italianos. Os materiais são selecionados com muito rigor e todos os detalhes são perfeitos", justifica Tamara, da Jimmy Choo. Frisoni, da Vivier, criador de uma obra-prima com tira transparente e calcanhar e salto recobertos de delicadas penas de faisão (3 900 dólares, ou 9 700 reais), destaca a sofisticação dos materiais. "Um macio par de botas de pele de cobra ocupa na mala o mesmo espaço que uma sapatilha", argumenta. E pergunta: "Não é um luxo viajar chique e levando pouco peso?". Única resposta possível, acompanhada de um suspiro profundo: "Se é". (Sílvia Mascella - Veja Moda & Estilo).

15 abril 2011

A morte dos sonhos.

R E A L E N G O

"Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus".

O que difere um jovem de 24 anos "assassino" com os milhares de outros jovens com a mesma idade? Estrutura familiar, religião, violência doméstica, beleza física, $$$, sofreu bullying, abuso sexual, drogas, gay, desamparo, falta de amor, deficiente, falta de cultura, miséria, falta de inteligência, consumismo. Durante todos esses dias após a barbaridade do episódio em Realengo, vários entendidos do assunto entre eles, médicos, psicologos, terapêutas, religiosos, professores e jornalistas, tentaram de alguma forma explicar a tragédia, ao meu ver ninguém ainda deu uma definição clara sobre esse jovem e talvez não haja mesmo uma explicação. Se formos considerar todos esses fatores para fundamentar a decisão tomada de matar crianças inocentes temos um grande problema no futuro. A maioria de nossas crianças ou adolescentes passaram, passam e irão passar um dia por algumas ou mais situações descritas e nem por isso se tornaram um assassino brutal. Acredito que um conjunto de mecanismos mais uma deficiência quimica do organismo possa sim desenvolver o lado perverso de um ser humano. Agora explicar! Como se explica uma atitude dessa?  Como explicar para os pais ou mães dessas crianças, que um louco, malígno, desorientado entrou na escola que consideramos "segura" apontou uma arma na cabeça do seu ou sua filho(a) e atirou. Matou os sonhos!!! Dilacerou os familiares dele e das crianças, os amigos, insultou a segurança escolar,  desprezou a nossa sociedade, embora  hipócrita, deu uma banana para os nossos políticos e subjugou a polícia e daí o Grand Finale - SUICIDOU.
Acredito que o que mais atormenta os familiares e o povo brasileiro além da dor, é que não existe mais essa pessoa, o indivíduo para podermos descarregar, vomitar todo esse desespero, essa ausência, não existe mais o SER, nem isso ele deixou para as famílias ver o autor desse massacre sofrer, ser julgado, punido para no mínimo amenizar o sofrimento, não que isso iria apaziguar a dor que dilacera, mas seria um bálsamo para um eterno vazio.

Dizer que ele é vítima do sistema é corroborar com a marginalidade!

13 abril 2011

Chicken a la Carte.

Antes de vc desperdiçar seu alimento, dê uma olhada neste video, talvez assim vc nunca mais vai colocar no prato aquilo que vc não consegue comer. Estamos caminhando para um futuro sem alimentos, portanto é fundamental que sejamos criteriosos em nosso consumo. Meu pai, já falecido há mais de 25 anos deixou para seus 4 filhos uma grande lição, se no almoço deixassemos comida no prato ele pedia pra minha mãe guardar para comermos no jantar. Esta lição passamos para os nossos filhos, assim o desperdício de alimento na minha família é o minimo possível.

Penso tb que: Será que se as pessoas não desperdiçar alimento esta família que está no video e milhares de outras teriam algo para comer? Este é o viés da questão!

12 abril 2011

Do começo ao fim.


"Algumas pessoas olham o mundo e perguntam:

Por quê???

Eu penso em coisas que nunca existiram e pergunto:

Por que não???


Há muitas formas de se lidar com pessoas e cada família lida com suas histórias de formas diferentes. Um filme belo, uma história que talvez não seja comum. Deixando de lado o homessexualismo e o incesto, é uma linda história de amor. Além do amor dos jovens irmãos o que mais me encantou foi a condução do personagem de Julieta, mãe dos rapazes. No decorrer do filme com olhares além, ela dá sinais de que algo acontece com seus filhos, mas ela não revela. Não vejo essa decisão como um ato de desapego, falta de cuidado ou de zelo, mas sim de deixar o rio seguir seu curso sem obstáculos, uma mãe que ama incondicionamente seus filhos e a vida. Penso que se toda mãe tivesse aquele olhar de amor, tolerância, indulgência, um olhar cuidadoso, sem preconceito as pessoas seriam mais felizes, o mundo seria melhor.

Os diálagos do filme são pura poesia, inclusive este é um soneto de Shakespeare:

“Que eu não veja obstáculos na união de corações sinceros…
O amor não se turva em águas turvas, nem se curva ante a chuva…
Não…
É uma luz constante que a tempestade não altera…
É a estrela de toda nau errante…
de brilho claro…
embora sem matéria…
Não é joguete do tempo, embora a carne sofra o peso da sua foice…
Se isso for falso e provado também,
Eu não escrevi…
e nunca se amou ninguém.”

“Dizem que as pessoas mais felizes são aquelas que não precisam fazer história. As que fazem enfatizam através dos seus feitos a luta pela vida, eterno embate”.

“A permanência das coisas não depende só da nossa vontade. Existe um sentido maior, misterioso, inalcançável, que determina o calendário do nosso tempo”.

“Ser capaz de se entregar inteiro e completamente a uma outra pessoa é a melhor coisa da vida. O amor verdadeiro começa aí, nessa entrega incondicional. A vida pessoal só vale a pena quando se acredita na dependência mútua”.
- Por que você também me ama?

- Eu te amo porque quando eu te toco eu faço você se sentir mais homem do que qualquer outro. Eu te amo porque nunca poderão nos acusar de amor. Eu te amo porque para entender o nosso amor ia ser preciso virar o mundo de cabeça para baixo. Eu te amo porque você poderia amar qualquer outra pessoa, mas mesmo assim você me ama.

06 abril 2011

Mulher com + de 50 procura...


Desvendar esta incrível TECNOLOGIA,  juntar a FAMÍLIA para os almoços de domingo, tomar as dores dos FILHOS para si e amá-los quase que incondicionalmente, proteger os ANIMAIS, mimar os NETOS, dizer não as GUERRAS, lutar contra o PRECONCEITO, ter FÉ, amar o PRÓXIMO sem distinção de cor, raça e credo, ter AMIGOS divertidos, tomar SORVETES, NAMORAR escandalosamente, BEIJAR outras bocas, tirar o dia para fazer compras e almoçar com as AMIGAS, fazer SEXO sem pressa, ignorar os NÚMEROS que não são essenciais, isto inclui a idade, o peso e a altura, cuidar da BELEZA, beber com PRAZER, TRABALHAR moderadamente, VIAJAR, ir ao TEATRO, CINEMA e  praticar o ÓCIO produtivo, olhar para dentro de SI e pensar: "Não tenho tempo pra mais nada, ser FELIZ me consome muito" Clarice Lispector.

03 abril 2011

Gordo é o novo preto.

Quando Felipe França aqui desembarcou com 3 medalhas, uma de ouro e duas de bronze, vindo do último campeonato mundial de piscinas curtas, o que se comentava era seu peso. Com 100 KG e 14% de percentual de gordura ele era mais do que um grande atleta: era a prova de que condicionamento e forma física não são necessariamente a mesma coisa.


Tenho os mesmos 14% de percentual de gordura. Ao longo dos anos fui aumentando de peso sem aumentar o percentual. A barriga cresce e é lá que guardo a perigosa gordura visceral. Estou sempre lidando com esta questão médica, e chata, mas tenho me mantido em forma e aumentado o peso magro, ou seja, adquirido músculos com muito exercício. Portanto, posso dizer que estou bem condicionado. Dito isto, vamos ao real incômodo da minha condição. Chega de me justificar. Detesto fazer isto.

Ao longo dos anos ouvi, e ainda ouço, inúmeros “nãos” profissionais com a justificativa de que minha aparência não é boa, preciso perder peso, pareço decadente etc. Passei 18 anos sem gravar um CD com minhas composições, e percebi que ninguém se interessava em sequer ouvir as novas canções. Embora eu já tivesse emplacado várias no nosso cancioneiro, parecia que estava claro para todo mundo que a minha barriga tinha substituído o meu talento. Curiosamente o público nunca acreditou nisso e continuou a me tratar com carinho. Durante este tempo todo! Coleciono mais sucessos que fracassos em tudo o que fiz no teatro, shows, TV, rádio ou em textos publicados na imprensa ou divulgados na internet. Considero ter conseguido vencer a resistência, mas não posso negar que ela exista e é muito forte. “Nadando contra a corrente, só pra exercitar”...

Voltando ao início: se um atleta pode ser medalha de ouro estando “acima do peso” seria correto dizer que existe um “peso” ideal? Nas olimpíadas os atletas têm os mais variados tipos físicos e, sim, alguns são “gordos”. Mas vamos olhar por outro ângulo.

Quando a adolescente lourinha matou os pais a pauladas em São Paulo, o comentário mais ouvido era “Como foi que uma moça tão bonita fez uma coisa dessas?” Como se gente bonita não matasse ninguém. Claro, os comerciais de TV só mostram rostos perfeitos, e todo mundo entende que são pessoas perfeitas. Será? Quando vi pela TV os bandidos fugindo da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão não me lembro de ter visto um bando de gordinhos. Eram até bem atléticos e “magros”.

O título deste artigo se refere a um movimento americano, “Fat is the new black”. Repare que a tradução não é “o novo negro” mas sim “o novo preto”. É uma expressão do mundo da moda: o novo preto é aquilo que parece ser a óbvia boa escolha; o que não tem erro: o pretinho básico. Ainda que seja óbvia a sugestão de que gordos são, para muitos, “the nigger of the world”, o que o tal manifesto combate ferozmente.

A maior parte da população do mundo está acima do “peso”, se é que existe um “peso”, e todos vamos ter que nos adaptar a esta realidade. Todos são ou vão ser gordos, ou gostar de um gordo, ou admirar um gordo, ou ter prazer com um, seja em que nível for. Conviva com esta ideia, amigo ou amiga. Não são os bonitos os que vão lhe dar prazer mas aqueles que querem lhe dar prazer e vão se esforçar para que você se dê conta disto. E, acredite, portadores de deficiências, magrinhos, carecas, altos, baixos, estão todos no páreo. O desejo transcende a forma. Beleza é uma coisa, gostosura é outra.

Neste manifesto (fat is the new black) americano há uma série de perguntas do tipo: você diria a alguém “Olha, você até tem um rostinho bonito, só precisa engordar uns quilinhos. E você sabe muito bem como, não é? É só ter um pouco de vergonha na cara”? Não diria. Por que, então, dizer o contrário parece razoável? E nem chamaria o Keith Richards ou a Amy Winehouse de decadentes porque eles andam muito magros. Talento, voz, criatividade, profissionalismo, nada disso tem a ver com peso ou aparência física. Será difícil entender isto?

Há um grande, um enorme preconceito. Este sim está muito acima do peso. E parece que o preconceituoso professa sua maledicência com a generosidade dos santos: é para o seu bem! Uma ova! O preconceito contra os gordos é o único tolerado hoje em dia. Ou contra os feios, vá lá! Está claro que, ao contrário do que a arte, através dos séculos estabeleceu, a partir de 1968 (com Twiggy) ser magricela é que é o tal. As formas arredondadas foram para o brejo depois de 25 vigorosos e rotundos milênios alimentando desejos e fantasias da alma humana.

Elvis é um dos meus heróis e eu prefiro sua fase mais madura. Quando diziam que ele estava decadente, embora cantasse como nunca. Um dia desses uma criança mal-educada quis ensinar ao meu filho que as pessoas ou eram magras ou eram gordas, e as magras eram melhores. Ainda bem que ele esqueceu em um segundo. Quando meu filho olha para mim vê o que eu sou para ele. Quando meu público olha para mim, acontece a mesma coisa. E o resto? O resto que vá para o inferno.

Eu digo que pra mim existem dois tipos de mulher: as que gostam de mim e as outras. E juro que as que gostam de mim são muito mais interessantes. Mulheres, parem com essa obsessão de perder dois quilos! Homens gostam de mulheres companheiras, bem humoradas e boas de cama. Homens, atenção! Quem repara demais na celulite das moças acaba preferindo bunda de rapaz. Não que eu tenha algo contra isto. Cada um que descubra o que lhe apraz.

Brincadeiras à parte, deixe-me concluir. Não é preciso aceitar, mas tolerar. Eu é que não sei se tenho estômago para tolerar esse preconceito. Por exemplo: ver o Ronaldo Fenômeno chorar ao despedir-se cortou-me o coração. Seu corpo não o venceu, o preconceito sim. Aturar anos de humilhação é duro até para os heróis.

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Parabéns Leo Jaime pelo belo texto.

Texto retirado de http://leojaime.blog.uol.com.br/ 

Você tem medo de dizer eu te amo?

Ele tb tinha, mas ela não teve medo...que fofos!!!