24 maio 2011

Cena do dia.

Todos os dias a caminho do trabalho, vou a pé, pois o meu ateliê fica a três quadras da minha casa, sob uma marquise dorme alguns mendigos e seus fiéis companheiros os cães, todos em perfeita harmonia.


Quando passo bem cedo, ainda estão dormindo pelo menos é o que imagino quando vejo aqueles seres enrolados em seus cobertores corta febre, o travesseiro feito com as mochilas bem sujas e rasgadas. Nas manhãs mais quentes os pés e os braços ficam de fora dos cobertores, nas mais frias vejo um embrulho humano.

Quando passo mais tarde eles já se foram, só restam os jornais onde eles se deitaram e marcas de urina no chão e na parede do imóvel.

Entretanto, esta semana me deparei com uma cena inusitada, insólita. Havia apenas um mendigo e ele já estava acordado, como se estivesse recostado em travesseiros em uma cama ele estava na parede, com as pernas cobertas com o cobertor, ao seu lado ainda dormindo seu cão, do outro lado uma bandeja de isopor com um pão frances recheado, não consegui saber que havia dentro e um enorme e fumegante copo de café com leite. Até ai tudo normal alguma boa alma ofereceu a aquele homem um café da manhã descente, mas o que mais me chamou a atenção foi que em suas mãos havia um jornal do dia e ele lia com atenção e calma enquanto bebericava seu café da manhã.

A minha vontade naquele momento foi de sentar ao seu lado e saber da sua história, saber dos porquês da vida dele.

Segui meu caminho, mas a cena permanece em meus pensamentos, os questionamentos me perseguem toda hora.

Sempre questiono DEUS nas minhas orações, porque uns tem tanto e outros não tem nada? Talvez Ele até responda, mas o barulho do mundo nos deixa surdos para a voz de DEUS.

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